OBJETIVO: determinar se a apresentação clínica da mola hidatiforme tem mudado nos últimos anos (1992-1998) quando comparada a registros históricos de controle (1960-1981). MÉTODOS: foram revisadas 80 fichas de pacientes com mola hidatiforme acompanhadas entre 1960-1981 no Centro de Neoplasia Trofoblástica Gestacional da Santa Casa da Misericórdia (Rio de Janeiro Brasil) e as de 801 pacientes atendidas entre 1992-1998 no mesmo centro. Foram analisados os seguintes parâmetros: idade, número de gestações, sangramento vaginal, hiperêmese, edema dos membros inferiores, hipertensão arterial, útero grande para a idade gestacional e cistos teca-luteínicos dos ovários. Para análise estatística foram utilizados os testes do qui-quadrado e o cálculo do odds ratio (OR) com intervalo de confiança (IC) de 95%. RESULTADOS: com relação à idade, a ocorrência de mola em pacientes com menos de 15 anos ou mais de 40 foi significativamente mais freqüente no grupo II do que no grupo I; quanto ao número de gestações, a diferença entre os dois grupos só não foi significativa entre aquelas pacientes que gestavam pela terceira e quarta vez. A hipertensão arterial, foi detectada em porcentagem semelhante nos dois grupos e útero grande para a idade gestacional foi mais freqüente no grupo II (41,4 vs 31,2% - p <0,05; OR: 1,5; IC: 1,0-2,3). Todos os outros elementos clínicos foram menos freqüentes no grupo II do que no grupo I. O sangramento vaginal permaneceu o elemento clínico mais freqüente, ocorrendo em 76,9% das pacientes do grupo II e 98,7% das pacientes do grupo I (p < 0,05; OR: 0,04; IC: 0,030,04). Também foram menos freqüente no grupo II quando comparado com grupo I a hiperêmese (36,5% vs 45% - p < 0,05; OR: 0,7; IC: 0,40,9); edema (12,7% vs 20% - p < 0,05; OR: 0,5; IC: 0,30,8); e cistose ovariana (16,4 vs 41,2% - p < 0,05 OR: 0,3; IC: 0,20,4). A ultra-sonografia foi o meio diagnóstico mais comum (89,2%), e o grande responsável pelo rastreio precoce da gravidez molar. CONCLUSÃO: concluiu-se haver diminuição da sintomatologia tradicional nas pacientes com mola hidatiforme quando comparadas a controle histórico, devendo-se o fato ao diagnóstico precoce proporcionado pela ultra-sonografia.
OBJECTIVE: to determine whether the clinical presentation of hydatidiform mole has changed in the recent years (1992-1998) when compared with historic controls (1960-1981). METHODS: medical records of 80 patients with hydatidiform mole attended in the 1960-1981 period (Group I) were reviewed and compared to data from 801 patients followed in the 1992-1998 period (Group II). The clinical signals and symptoms analyzed were: age distribution, number of pregnancies, vaginal bleeding, hyperemesis, edema, hypertension, large uterus for gestation date and theca lutein cysts of the ovaries. Statistical analyses employed chi-square tests and odds ratio (OR) estimate with the confidence interval (CI) of 95%. RESULTS: concerning age, the disease occurred more frequently in group II than in group I, in patients under 15 and over 40 years old. As to the number of pregnancies, there was no statistical difference only in those patients who were in their third or fourth pregnancies. Arterial hypertension was the only symptom that occurred with similar frequency in both groups. Enlarged uterus was more frequent in group II (41.4 X 31.2% - p <0.05; OR: 1.5; IC: 1.0-2.3). Bleeding remained the most common symptom, occurring in 76.9% of patients (Group II), although it has occurred in 98.7% of the historic controls (p<0.05; OR: 0.04; IC: 0.03 0.04). The following symptoms were also less frequent in group II as compared to group I: hyperemesis (36.5% X 45% - p<0.05; OR: 0.7; IC: 0.4 0.9), edema (12.7% X 20% - p<0.05, OR: 0.5, IC: 0.3 0.8), enlarged uterus for gestational age (41.4% x 31.2% - p<0.05; OR: 1.5; IC: 1.0 2.3) and theca lutein cysts (16.4% X 41.2% - p<0.05; OR: 0.3; IC: 0.2 0.4). Ultrasound has become the commonest method of diagnosis (89.2% - p<0.05), allowing early detection of hydatidiform moles. CONCLUSION: there was a decrease of the traditional symptoms in current patients with hydatidiform mole as compared to historic controls, due to early diagnosis through ultrasonography.